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Por que Família Soprano é a maior e melhor série de todos os tempos?

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  Por que Família Soprano é a maior e melhor série de todos os tempos? A arte imita a vida. Essa talvez seja a maior e mais importante sentença que explica a relação da arte com a vida, a vida “real”. Ela responde a ingênua e incauta pergunta: “Por que eu vou perder tempo assistindo/lendo isso? Tenho mais o que fazer. Tenho que viver a vida, a vida real”. E de qual forma ela responde a essa pergunta? Eu sei, essa resposta em forma de sentença não chega a ser auto evidente. No fundo essa famosa frase significa dizer que a arte e todo o mundo imaginário criado pelos seres humanos, sejam eles em forma de palavras, imagens e sons, são como extrações e representações de conceitos e tipos psicológicos existentes na “vida real”. É assim: o ser humano vive percebendo e observando o mundo, as outras pessoas, a natureza e os momentos. Depois, cansado daquilo que o atinge na carne, começa a se aventurar no mundo da lua, concebendo criações puramente imaginárias que estão repletas da influência

A Felicidade Última (Segundo eu mesmo, há 5 anos)

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  Eu estava fuçando algumas coisas no meu Facebook (quem ainda usa em 2021?) e achei um texto que escrevi há 5 anos quando ainda estava no Colégio. Fiquei surpreso quando vi, surpreso quando li, e mais supreso ainda quando parei para pensar sobre o que eu pensava naquele longínquo 2016. Quer saber do que se trata? Continua lendo. Como eu já disse, esse foi um texto que eu escrevi em 2016, quando eu estava no 3º Ano do Ensino Médio. Era um trabalho de Filosofia meio mais ou menos. Na verdade era muito simples. A professora pediu que cada aluno da sala fizesse um texto expressando o que cada um achava que a felicidade poderia ser, qual era a felicidade verdadeira e como buscar a felicidade. Não entro no mérito da abstratividade e subjetividade com que o tema foi proposto, pois sempre tive uma certa impressão de que esse tipo de tarefa era muito supérflua e aquém do que poderia ser uma tarefa de filosofia no 3º Ano do Ensino Médio. Mas talvez eu esteja errado, talvez o tema seja mesmo int

Deus, respeitosamente devolvo-lhe meu bilhete

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                                                                     Por Ivan Karamázov, um dos principais personagens do romance russo Os Irmãos Karamázov, escrito por Fiódor Dostoiévski em 1879. Trecho das páginas: 247 - 250. "Ainda um pequeno quadro característico. Acabo de ler nos Arquivos Russos ou em A Antiguidade Russa, não sei bem. Era na época mais sombria da servidão, no começo do século XIX. Viva o czar libertador! Um antigo general, com importantes relações, rico proprietário rural, vivia numa de suas propriedades da qual dependiam 2000 almas. Era um desses indivíduos (na verdade já poucos numerosos, então) que, uma vez retirados do serviço militar, estavam quase convencidos de seu direito de vida e de morte sobre seus servos. Cheio de arrogância, tratava do alto seus modestos vizinhos, como se fossem parasitas e palhaços seus. Tinha ele uma centena de capatazes, todos a cavalo e uniformizados, e várias centenas de galgos (cachorros). Ora, eis que um dia um pequeno ser

Medo de conhecer

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  Não sei se foi Sócrates, Platão ou Aristóteles, mas um desses grandes filósofos chegou a uma conclusão supostamente simplista: “É natural do homem querer conhecer”. Segundo algum deles, isso é um dos principais fatores que nos diferencia dos animais irracionais. Desde que ouvi/li essa citação pela primeira vez eu jamais a esqueci. Eu concordei essa premissa plenamente, absolutamente, “catarticamente”. Me identifiquei com essa ideia, pois desde cedo eu já sentia algo do tipo, tanto em relação a mim mesmo quanto em relação ás outras pessoas, como uma forma ideal de ser humano. Eu ainda concordo com essa máxima, porém agora, depois de ter vívido pouco, mas o suficiente, cheguei a uma conclusão concomitante a essa: “É natural do homem ter medo de conhecer”. Ou, pelo menos, do homem moderno. Vivemos na era da informação (que pode ou não ser sinônimo de conhecimento, dependendo de várias variáveis circunstâncias e condições). A informação é o que existe de mais valioso nessa era. Mais pr

O suicídio como a morte do medo

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- A seu ver, o que impede as pessoas de cometerem o suicídio? - perguntei. Ele olhou distraído, como se tentasse se lembrar do que estávamos falando. -  Eu... eu ainda sei pouco...  dois preconceitos o impedem, duas coisas; só duas;  uma, muito  pequena, a outra, muito grande. Mas até a pequena também é muito grande. - Qual é a pequena? - A dor? - A dor? Será que isso é tão importante... neste caso? - De primeiríssima importância. Há duas espécies de suicida: aqueles que se matam ou por uma  grande tristeza ou de raiva, ou por loucura, ou seja lá por que for... esses se matam de repente. Esses  pensam pouco na dor, se matam de repente. E aqueles movidos pela razão - estes pensam muito. - E por acaso há esse tipo que se mata por razão? - Muitos. Se não houvesse preconceito esse número seria maior; muito maior; seriam todos. - Mas todos mesmo? Ele fez silêncio. - E porventura não há meios de morrer sem dor? - Imagine - parou ele diante de mim -, imagine uma pedra do tamanho de uma casa g

eu não sou

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eu não sou nós não somos Todos somos muitas coisas. Muitas coisas em particular ou muitas coisas em comum. O ponto é que somos muitas coisas não importando a particularidade intrínseca ou a banalidade do nosso ser. Mas, entre o ser e o não ser, para além das diferenças óbvias, existe uma diferença, por assim dizer, quantitativa: O ‘não ser’ existe em maior quantidade do que o ‘ser’. Nós ‘não somos’ muito mais do que ‘somos’. Nós ‘não seremos’ muito mais do que ‘nós seremos’. Essa é uma verdade tão óbvia e empírica quanto ignorada e rejeitada. Basta pensar. Quantas coisas você não será na sua vida? Quantas experiências você não terá? Quantos lugares você não visitará? Quantos eus você não será? Quantas vidas você não terá? A verdade é que a possibilidade, a imaginação, os desejos e as metas superam em muito o tempo, a habilidade e a força das nossas vidas. Essa é uma das reflexões mais tristes que existem abaixo do céu. A vida é com um ingresso para um festival de música de uma ca